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sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Pastor escolhido por Dilma para ministério foi flagrado com quase R$ 1 milhão na bagagem

Lucio Bernardo Jr/Camara dos Deputados
Brasília – O futuro ministro do Esporte, George Hilton, anunciado na terça-feira pela presidente Dilma Rousseff (PT), foi flagrado, em 2005, no Aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte, com R$ 600 mil em espécie (R$ 976 mil em valores atualizados). O dinheiro estava distribuído em 11 caixas de papelão. 

Pastor licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, ele era, na época, deputado estadual do PFL em Minas Gerais. Após ser surpreendido, a Polícia Federal o liberou. Levantamento do Estado de Minas aponta que George Hilton dobrou seu patrimônio desde que passou a informar à Justiça Eleitoral os valores de seus bens. Era de R$ 294 mil em 2006, quando obteve seu primeiro mandato de deputado federal. Em 2010, ele foi reeleito e afirmou ter R$ 472 mil. Este ano, quando também foi reeleito, o valor declarado foi de R$ 669 mil.

Na época em que foi abordado pela Polícia Federal, Hilton contou que os recursos eram provenientes de doações de fiéis do Sul do estado. Acabou sendo expulso pela Executiva Nacional do partido. Na época, o senador Antônio Carlos Magalhães (ACM), morto em 2007, foi contra a expulsão, mas a maioria do comando partidário achou melhor tomar a atitude para se contrapor ao escândalo do mensalão petista, que ganhava força na imprensa e no Congresso.

No momento em que foi flagrado no aeroporto, Hilton estava acompanhado do vereador do PL em Belo Horizonte Carlos Henrique da Silva, também pastor da Universal. Os dois estavam numa aeronave particular e vinham de Poços de Caldas. O Departamento de Aviação Civil havia alertado a Polícia Federal de que o avião transportava dinheiro. Quando desembarcaram, os dois foram imediatamente abordados. A liberação das malas e dos políticos foi autorizada pelo delegado executivo da PF em Minas, Domingos Pereira dos Reis.

Em 2012, Hilton foi candidato a prefeito de Contagem (MG). Não obteve sucesso. Na época, declarou possuir R$ 626 mil, contra os R$ 669 mil informados este ano, que incluem uma residência e um automóvel VW Jetta. Em 1998, declarou apenas uma linha de telefone celular, sem informar os valores, quando disputou uma vaga de deputado estadual pelo PST. Em 2002, um apartamento, um Gol e um Vectra. Nas últimas eleições, ele teve R$ 496 mil em doações recebidas. A maior parte veio do comitê financeiro do PRB, mas com origem em empresas como JBS S.A., Bradesco, Construtora Queiroz Galvão e Cervejaria Petrópolis.

Nos três mandatos em que esteve na Câmara, Hilton, presidente regional do PRB-MG e líder da legenda na Casa, gastou R$ 1,77 milhão do cotão, entre 2009 e este ano. O cotão é uma verba multiuso para pagar despesas como alimentação, hospedagem, combustíveis e passagens aéreas.

Ontem, a assessoria de imprensa do novo ministro afirmou que não houve nenhuma abertura de inquérito ou processo em razão da apreensão do dinheiro. O deputado era responsável pelo setor de arrecadação da igreja e seria feita uma remessa de valores no fim de semana de BH para São Paulo.

Gracie em comitê da Petrobras


Brasília – A Petrobras aprovou a criação de um comitê especial de interlocução entre a estatal e os escritórios de advocacia contratados para conduzir as investigações internas de irregularidades na petroleira. O membro brasileiro do colegiado, que terá linha direta com o Conselho de Administração da empresa, será a tucana Ellen Gracie, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). O integrante estrangeiro anunciado foi Andreas Pohlmann, que atuou na Siemens de 2007 a 2010. Há ainda um diretor de Governança, Risco e Conformidade que ainda não foi nomeado. 

Em comunicado, a petroleira informou que cabe ao comitê aprovar o plano de investigação, receber e analisar os dados encaminhados pelos escritórios, assegurar que a investigação mantenha a independência, implementar recomendações feitas pelos advogados contratados e elaborar relatório final com as conclusões do trabalho. O colegiado fará também recomendações em relação às políticas internas da estatal e procedimentos relativos à investigação.


Para agilizar os trabalhos, o comitê iniciará as atividades com a atuação dos dois membros independentes. “O diretor de Governança, Risco e Conformidade passará a integrar o grupo tão logo seja nomeado”, comunicou a empresa.
Na mesma nota, a Petrobras ressaltou a competência e a seriedade da ministra aposentada do STF. “É reconhecida dentro e fora do Brasil por ser grande jurista com vasta experiência na análise de questões jurídicas complexas”, ressaltou a estatal. Andreas Pohlmann é formado em direito pela Universidade Goethe, em Frankfurt, e tem doutorado pela Universidade Tubingen, também na Alemanha.


João Valadares / Eduardo Militão Paulo de Tarso Lyra

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