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domingo, 16 de maio de 2021

Morre Eva Wilma, aos 87 anos, vítima de um câncer no ovário



A atriz Eva Wilma morreu neste sábado, dia 15, às 22h08, aos 87 anos, no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, vítima de um câncer no ovário que, disseminado, levou a uma insuficiência respiratória. A artista estava internada desde o dia 15 de abril, inicialmente para tratar problemas cardíacos e renais. O câncer foi descoberto no último dia 7 de maio. A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa da artista.

“Vivinha, é assim (sorridentes) que vamos lembrar de você. Obrigado pelos momentos maravilhosos que vivemos juntos e estarão eternamente em nossos corações”, escreveram os agentes da atriz no Instagram.

Eva Wilma Riefle Buckup Zarattini nasceu em São Paulo, em 1933, filha de um metalúrgico alemão e uma portenha judia. Em setembro do ano passado, a atriz comemorou 70 anos de carreira. No início da década de 1950, após chamar a atenção como bailarina clássica, ela estreou como figurante em filmes italianos e fez dois filmes com o diretor Armando Couto e o ator Procópio Ferreira, “O Homem dos Papagaios” e “A Sogra”. Ao longo da carreira, trabalhou com diretores como Walter Hugo Khouri (“A ilha”), Luiz Sérgio Person (“São Paulo S.A”) e Roberto Farias (“A cidade ameaçada”).

Na TV, a atriz estreou na Tupi, em 1953, no seriado “Namorados de São Paulo” (depois rebatizado para “Alô, doçura”). Ao GLOBO, ela relembrou que eram horas de ensaio antes da ação acontecer em tempo real, diante das câmeras. Na época, a televisão era toda feita ao vivo — o videotape só chegou em 1959, na TV Continental, no Rio.

— Tudo era muito artesanal. A gente ensaiava e combinava tudo antes. Chegava ao fim da tarde e era “vamos ao ar, salve-se quem puder” — contou a atriz, lembrando-se dos textos que eram escondidos no cenário. — Em São Paulo, se chamava cola; no Rio, dália (gíria que surgiu após um ator colar suas falas num vaso de dálias). Usávamos nossa marcação de cena para escolher peças do cenário para colar a dália.

Ao longo dos anos 1970, Wilma se tornou uma das principais estrelas da TV brasileira. Fez sucesso atuando ao lado do ator Carlos Zara em diversos programas, muitas vezes como par romântico. Seus sucessos na telinha incluem as gêmeas Ruth e Raquel na primeira versão de “Mulheres de Areia”, de Ivani Ribeiro, e papeis em novelas como “A viagem”, “O direito de nascer” e “Selva de pedra”. Na década de 1990, fez sucesso como Altiva, com seu sotaque nordestino e misturado com inglês na fictícia Greenville.

Em entrevista ao GLOBO, em 2019, a atriz falou com empolgação sobre os projetos nos quais esteve envolvida, como a novela “O tempo não para”, de 2018, um recital e a comédia “As aparecidas”, dirigida por Ivan Feijó. Com bom humor, a Wilma admitia as dificuldades que a idade tinha trazido, como as dificuldades para decorar texto (“lembrar as datas, então, é um horror”), lamentava a perda de amigos, mas dizia que continuava em frente.

— O segredo para seguir é não se levar a sério — asseverou.

Engajada politicamente, ela militou contra a ditadura militar e participou da histórica Marcha dos Cem Mil em 1968. Na novela “Roda de fogo”, fez o papel da ex-militante Maura, torturada durante a ditadura. Após um período ausente, voltou às novelas com “Fina Estampa”, de 2011. Também fez aparições no seriado “A grande família” em 2014.

Em setembro, aderiu às lives, apresentando-se dentro de casa com o espetáculo virtual “Eva, a live”, transmitido no YouTube e no Instagram. Jornal Extra

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