ONU News/Teresa Salema
O consumo excessivo nos países mais ricos está destruindo os ambientes para as crianças ao redor do mundo. Esta é a principal conclusão de um relatório divulgado pelo Instituto Innocenti, apoiado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, nesta terça-feira.
Finlândia, Islândia, Holanda e Noruega fornecem ambientes saudáveis para os menores de idade, mas essas nações contribuem de forma desproporcional para a destruição do meio ambiente global.
Ar tóxico, pesticidas e umidade
Se todas as pessoas no mundo consumissem recursos na mesma proporção dos habitantes do Canadá e dos Estados Unidos, por exemplo, seriam necessários pelo menos cinco planetas Terra para dar conta dos níveis de consumo.
O estudo avalia 39 países da União Europa e da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico. O relatório traz diversos indicadores, como exposição ao ar tóxico, a pesticidas, a ambientes com umidade ou chumbo, acesso à luz natural, a espaços verdes e a rodovias seguras e contribuição para a crise climática.
O Unicef fez um ranking obtido a partir da média das notas de cada nação por indicador, colocando Portugal em terceiro lugar, atrás apenas da Espanha e da Irlanda.
Poluição sonora
Portugal é mencionado diversas vezes no estudo: uma entre cinco crianças que vivem em Portugal está exposta à umidade e ao mofo dentro de casa, mesma situação observada na Islândia e no Reino Unido.
Em relação às nações com o menor índice de exposição à poluição do ar, Portugal ocupa o 11º lugar da lista. O relatório do Unicef avalia também se as famílias conseguem aquecer suas casas durante os dias frios, sendo que em Portugal, 35% dos lares mais pobres não têm calefação.
O país também ocupa umas das últimas posições do ranking sobre porcentagem de crianças que vivem em casas que são muito escuras. O Unicef lembra que um ambiente com luz natural é essencial para o humor dos menores, sendo que a luz direta produz vitamina D e melhora todo o sistema imunitário.
A exposição das crianças à poluição sonora também foi considerada alta em Malta, Holanda e Portugal. Os efeitos para a saúde são diversos, incluindo estresse redução da função cognitiva e impactos negativos na performance escolar.
Em Portugal, 7,6% dos menores de 18 anos vivem em áreas com alto risco de poluição por pesticidas, enquanto na Dinamarca, Estônia e Finlândia o índice é zero. No fim da lista, estão Bélgica, Israel e Polônia, com taxas de 9% ou mais.
Mudança climática
O levantamento do Unicef também traz dados sobre ambientes propícios para estudar, sendo que 92% dos adolescentes portugueses com 15 anos têm em casa uma mesa própria e um lugar silencioso para aprender.
O relatório avalia também o acesso das crianças a ambientes externos e espaços verdes, essenciais para a saúde física e mental. O país com a melhor posição é a Finlândia, onde existem o equivalente a 5,7 espaços urbanos verdes por pessoas; em Portugal, a média é de 4,7 por habitante.
Os portugueses têm ainda uma das melhores pegadas de carbono entre os países que fazem parte do estudo, emitindo em média 5,1 toneladas métricas de CO2 por ano, sendo que nos Estados Unidos, a média são 17 toneladas métricas.
Ansiedade dos jovens
O estudo avalia como está a ansiedade dos jovens em relação ao meio ambiente e à mudança climática. Uma pesquisa de 2021 na Austrália, França, Portugal, Reino Unidos e Estados Unidos descobriu que a maioria dos jovens de 16 a 25 anos acredita que os governos estão falhando em relação ao tema, sendo que dois entre cinco se mostraram hesitantes em ter filhos devido à crise climática.
Em todos os países, a maioria dos jovens se mostrou preocupada com a mudança climática, sendo que os mais angustiados são os que vivem em Portugal: 65% descreveram suas preocupações como alta ou extrema. O Unicef nota que o país têm enfrentado um aumento dos incêndios florestais desde 2017.
O Unicef faz uma série de recomendações aos países, incluindo um pedido para as políticas ambientais levem em conta as necessidades das crianças.
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