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terça-feira, 1 de março de 2016

"Para acabar com a epidemia de Aids é preciso falar sobre discriminação"

Laura Gelbert, da Rádio ONU em Nova York.
Nesta terça-feira, 1º de março, as Nações Unidas celebram o Dia da Discriminação Zero. A data é uma oportunidade de celebrar a diversidade e rejeitar qualquer tipo de preconceito.
A cartunista Laerte assumiu publicamente uma nova identidade de gênero em 2009. Ela explicou, em entrevista à Rádio ONU, que a pessoa trans quer viver a sua transgeneridade e não ficar "apenas fantasiando". Laerte faz uma reflexão sobre o possível fim da discriminação contra a comunidade LGBT.

Laerte

"A superação da discriminação não vai levar a gente a um paraíso ou a uma situação sem conflitos, a um mundo cor de rosa e bonitinho. Ao eliminar ou vencer a discriminação, a gente vai entrar na área dos conflitos visíveis e das negociações possíveis. É partir para um debate, mas um debate produtivo. Um debate onde há respeito à existência das pessoas, à posição das pessoas e há também a possibilidade de uma convivência."

O Dia da Discriminação Zero foi criado pelo Programa Conjunto sobre HIV/Aids, Unaids, em 2014.
Combate à Aids
Acabar com a epidemia da doença  até 2030 é uma das metas da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável. Em entrevista à Rádio ONU, de São Paulo, a diretora do Unaids no Brasil, Georgiana Braga-Orillard falou sobre o impacto do estigma e da discriminação no combate à epidemia de Aids.
"Para a gente chegar a esse fim da epidemia e conseguirmos alcançar essas metas 90-90-90 que já foram adotadas, e que são globais, precisamos falar de discriminação. Discriminação tanto das pessoas que são vulneráveis à epidemia, quanto as pessoas que estão infectadas com o HIV. O estigma e a discriminação ainda estão limitando as populações vulneráveis, os jovens, a acessarem serviços de saúde, a terem uma educação de qualidade, a saberem utilizar a informação que está aí disponível para eles".
O objetivo da meta chamada 90-90-90 é que até 2020, 90% das pessoas com o HIV saibam de sua condição, que 90% dos que sabem que são soropositivos estejam sendo tratados e, finalmente, ter 90% dos pacientes usando o coquetel de drogas para combater a infecção.
Pacto de Sociedade
Georgiana Braga-Orillard afirmou que é preciso trabalhar para que os serviços de saúde sejam acessíveis para todos e falou sobre o que pode ser feito no Brasil para combater a discriminação.
"A gente, primeiramente, tem trabalhado muito perto dos jovens porque a gente sabe que o jovem pode trabalhar e mudar essa situação. Mas, também, fazer um pacto de sociedade. Se a gente não trabalhar conjuntamente para combater a discriminação não conseguiremos, então, alcançar essas metas que são de acabar a epidemia até 2030".
Trans
O Unaids calcula que em todo o mundo 19% das mulheres trans vivam com HIV. A discriminação e o preconceito afastam as pessoas trans dos serviços de testagem e tratamento
Além disso, a violência contra pessoas trans faz com que a estimativa de vida delas seja de praticamente metade da de um adulto hétero.
Redes Sociais 
Segundo o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, "quando as pessoas mais vulneráveis e marginalizadas sofrem discriminação e abuso, todos são diminuídos".
Ban declarou ainda que "as Nações Unidas estão fortemente comprometidas em defender os direitos humanos e dignidade para todos".
No dia 1º de março o UNAIDS "busca mobilizar jovens e comunidades na promoção da inclusão e do respeito, não importando origem, orientação sexual, identidade de gênero, sorologia para o HIV,  raça ou etnia".
O símbolo da campanha # ZeroDiscriminação é uma borboleta, representando o "compromisso em assumir um comportamento aberto à diversidade e à tolerância".
Segundo o Unaids, todas as pessoas podem participar da celebração do Dia da Discriminação Zero através das redes sociais, de ações em suas comunidades e da sensibilização das pessoas mais próximas.

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