Jovens jogadores de futebol da cidade de Kharkiv estão de luto pela morte de seu treinador, morto por uma bomba russa na semana passada em um incidente que destaca o impacto pesado que a guerra está causando em todas as áreas da sociedade ucraniana, inclusive o esporte.
"Doeu tanto que é como se eu tivesse perdido meu pai", disse o jogador Danil Kaskov, participando de uma partida realizada em homenagem a Andrii Doroshev, que morreu no dia 27 de junho quando projéteis atingiram uma área residencial da segunda maior cidade da Ucrânia. "Espero que ele esteja nos protegendo lá do alto, que possamos deixá-lo orgulhoso. Este torneio é uma homenagem a ele, todos os troféus são em sua memória. Tudo é para ele", disse ele à Reuters.
Com muitas conquistas em ginástica, boxe, futebol e outros esportes, a Ucrânia está sofrendo os impactos da guerra, agora em seu quinto mês, sobre sua infraestrutura esportiva e seus esportistas.
"Mais de 100 mil esportistas ucranianos foram privados de qualquer oportunidade de treinar, centenas de instalações esportivas ucranianas foram destruídas", disse no domingo (3) o presidente Volodymyr Zelenskiy, ao receber o chefe do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, para conversações em Kiev. "Muitos esportistas ucranianos se uniram às Forças Armadas para proteger nosso país, para defendê-lo no campo de batalha. Oitenta e nove esportistas e técnicos foram mortos em combates, 13 foram capturados e estão sendo mantidos em cativeiro pelos russos", disse Zelenskiy.
O prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, vencedor de vários campeonatos mundiais de boxe, tem desempenhado um papel proeminente ao lado de Zelenskiy na luta contra a resistência ucraniana à invasão, que a Rússia chama de uma "operação militar especial".
Seu irmão mais novo, Wladimir, outro campeão mundial de boxe, alistou-se no Exército ucraniano logo após o início da invasão russa, em 24 de fevereiro.
Só na semana passada muitas imagens mostraram o impacto destrutivo da guerra no esporte ucraniano.
Imagens de vídeo da Reuters mostraram o complexo esportivo do Instituto Politécnico de Kharkiv reduzido a pilhas de concreto e metal torcido pelo que as autoridades disseram serem múltiplos ataques de mísseis russos em 23 de junho.
Um militar ucraniano disse que as forças russas estavam deliberadamente visando grandes edifícios como pavilhões esportivos e escolas por acreditarem de que estavam sendo usados pelas Forças Armadas da Ucrânia.
As forças russas negam ataques a alvos civis na Ucrânia.
Outras imagens que circularam nas redes sociais nos últimos dias incluíram uma de uma enorme cratera supostamente causada por um bombardeio russo a um campo de futebol em Mykolaiv, uma cidade do sul que também sofreu bombardeios russos particularmente pesados.
Em sua visita a Kiev no domingo, Bach, do COI, disse que a organização estava pronta para ajudar na reconstrução das instalações esportivas ucranianas, ao anunciar a triplicação de um fundo criado em fevereiro para esse fim, para 7,5 milhões de dólares (o equivalente a R$ 39,9 milhões).
Bach também prometeu apoio às equipes da Ucrânia que planejam participar dos Jogos Olímpicos de Paris em 2024 e das Olimpíadas de inverno previstas para serem realizadas na Itália em 2026.
Reportagem adicional de Gareth Jones
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