Representando um papel importante na prevenção de patologias tanto para a mãe quanto para o feto, a assistência pré-natal permite o desenvolvimento saudável do bebê e reduz os riscos da gestante. No entanto, estudos nacionais já realizados demonstram a presença de falhas durante esse momento da gestação, como a realização incompleta de exames necessários. É por esse motivo que, na Escola Multicampi de Ciências Médicas (EMCM/UFRN), surge um projeto de extensão a fim de garantir um atendimento capacitado às mulheres grávidas em Caicó.
Intitulado Qualificação da assistência pré-natal em Caicó/RN: uma aproximação entre universidade, hospital e atenção básica, o projeto surge em 2023 com o objetivo de atuar nas falhas de acesso e de assistência em saúde da gestante e do bebê durante o pré-natal. Coordenada pela docente na EMCM, Liliane Pereira, a equipe de professores contribui com a especialização teórica dos profissionais de saúde, estudantes de graduação em Medicina e alunos da Residência Saúde Materno-Infantil, para atender as demandas das Unidades Básicas de Saúde (UBSs) da região.
De acordo com Liliane, a partir dos primeiros contatos com as equipes das UBSs percebeu-se a necessidade de realizar capacitações nessas unidades, além do desenvolvimento de atividades de apoio e cuidado às gestantes. Ela comenta, além disso, que quando Diane Dantas, enfermeira do Hospital do Seridó, fez o mestrado profissional na EMCM sob sua orientação, ficou perceptível uma considerável desinformação e insegurança das pacientes quanto ao processo do parto e aos cuidados que deveriam ser realizados no pré-natal.
Quando se observa esse momento durante a gravidez, a docente explica que o profissional de saúde que atua na atenção básica, diante do volume de atendimentos, muitas vezes se enxerga sem amparo multiprofissional para realizar um cuidado tão amplo à mãe e ao bebê. “Geralmente as condutas mais técnicas são priorizadas, e outras são deixadas de lado, como as orientações às gestantes”, acrescenta. O resultado, segundo Liliane, é que muitas mães não reconhecem os sinais fisiológicos do trabalho de parto e também têm medo do momento do nascimento do filho pelo desconhecimento durante o pré-natal.
A expectativa, de acordo com Liliane, é de que as ações do projeto deem retorno à sociedade na forma de cuidado ampliado à gestante. “Buscamos conseguir estabelecer uma relação mais próxima e parceira entre Atenção Básica e Atenção Hospitalar, contribuindo com a capacitação dessa rede de atendimento à mulher. Esperamos também qualificar a formação dos nossos residentes em Saúde Materno-Infantil e dos estudantes da graduação em Medicina, de forma que eles possam acompanhar o percurso da usuária desde o pré-natal até o parto e puerpério”, acrescenta a docente.
Segurança da gestante
Para Liliane, a assistência pré-natal é muito complexa. São muitas ações de cuidado que devem ser elaboradas com a gestante, como a realização de exames, vacinas, consultas médicas e de enfermagem. De acordo com a coordenadora do projeto, as consultas garantem, ainda, orientações diversas relacionadas, por exemplo, à alimentação, à prática de atividade física, além de discutir os sinais de alerta para os possíveis transtornos mentais do puerpério, como a depressão pós parto.
A professora ressalta a contribuição do projeto, que pode ser vista, por exemplo, durante o parto, na autonomia e no empoderamento da gestante, além da relação de confiança entre usuário e equipe. “Conseguimos capacitar melhor os profissionais da atenção básica para a oferta desse cuidado complexo no pré-natal, na medida em que inserimos uma equipe multiprofissional de residentes nas ações educativas com essas mulheres, além de permitir que a gestante se dirija ao hospital para conhecer a equipe e as instalações. Tudo isso impacta na segurança da mulher”, pontua.
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