O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) considerou desrespeitosas, mas concordou, em parte, nesta segunda-feira (5), com as críticas feitas pelo secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, ao ritmo lento de execução das obras de estádios, hotéis e modernização da rede de transportes para a realização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil.
- A sua cobrança se justifica, não nos termos em que é colocada. Creio que, independentemente de posicionamento de natureza político-partidária, devemos sempre preservar a grandeza nacional, a autonomia do nosso país, a nossa soberania e, sobretudo, a nossa dignidade, o que resta de dignidade a este país.
Considerando como desrespeitosa ao governo brasileiro e à dignidade do país a expressão “chute no traseiro”, utilizada pelo secretário da Fifa para alertar para a necessidade de aceleração no andamento das obras da Copa de 2014, Alvaro Dias reconheceu, no entanto, que há problemas graves no gerenciamento das obras de preparação para o evento esportivo.
- É evidente que ele [Jérôme Valcke] tem razão [quanto à demora nas obras]. O que nós estamos constatando no Brasil é a incompetência, a desorganização, a anarquia, o desapreço à ética e a irresponsabilidade pública — disse.
De acordo com o parlamentar, há falta de transparência com relação às obrigações que o Brasil assumiu com a Fifa quando foi escolhido para sediar a Copa de 2014, o que dificulta, em sua opinião, a devida fiscalização por parte da imprensa e da sociedade.
Segundo ele, os entraves para a realização do megaevento esportivo em 2014 são de natureza gerencial. Entre os problemas mais graves ele citou o superfaturamento de obras de construção de estádios; a concessão de taxas de juros privilegiadas para empreiteiras; e transferências generosas do Tesouro Nacional para que o BNDES financie as construtoras.
Citando dados do Tribunal de Contas da União (TCU), Alvaro Dias lamentou o elevado custo de todas as obras da Copa e parcela custeada com recursos públicos, cerca de 92% do total.
- Vale ressaltar que, segundo o TCU, o custo estimado de todas as obras da Copa está na casa de R$ 25 bilhões, sendo apenas 8,8% de capital privado. E diziam, quando anunciaram a Copa do Mundo no Brasil, que esta seria a copa da iniciativa privada, que o governo não iria colocar dinheiro público. Palavras ao vento — criticou.
Em aparte, o senador Jorge Viana (PT-AC) ressaltou o quanto foi importante para o Brasil a conquista do direito de sediar os principais eventos desportivos mundiais, a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Ele admitiu, contudo, a existência dos problemas apontados pelo secretário-geral da Fifa bem como defendeu o acesso da população a informações sobre os recursos públicos investidos nas obras.
Agência Senado
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