Crianças caminham em um centro para deslocados em Bangui, capital da República Centro-Africana. Foto: Unicef/UN01079/Terdjman
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova York.*
O Programa Mundial de Alimentos, PMA, alertou que metade da população da República Centro-Africana enfrenta a fome. Segundo a agência da ONU, isso representa aproximadamente 2,5 milhões de pessoas nessa situação.
O relatório "Avaliação de Segurança Alimentar em Situação de Emergência" indica que o número de famintos duplicou no período de um ano. O conflito e a insegurança são vistos como os principais fatores do acesso limitado e da disponibilidade dos alimentos.
Severa ou Extrema
A análise destaca que uma em cada seis pessoas no país enfrenta insegurança alimentar severa ou extrema. Mais de uma em cada três vive em situação de insegurança alimentar moderada, quer dizer, “sem saber de onde virá a refeição seguinte”.
O diretor-adjunto do PMA na República Centro-Africana disse que três anos de crise provocaram um número “elevadíssimo” de vítimas, com famílias muitas vezes forçadas a vender os bens, a tirar os filhos da escola e até mesmo a recorrer à mendicância.
Guy Adoua afirmou que o cenário não é de uma emergência rotineira e que as pessoas ficaram sem nada.
Nível Alarmante
Segundo Adoua, há uma extrema preocupação do PMA com o nível alarmante de fome. Ele acrescentou que as pessoas não só carecem de comida suficiente, mas também são forçadas a consumir alimentos que não satisfazem suas necessidades nutricionais.
A colheita de 2014-2015 foi fraca e os preços dos alimentos continuam elevados porque os agricultores não trabalham nas suas terras devido à insegurança.
Centenas de milhares foram forçados a fugir de suas casas e a abandonar suas plantações e meios de subsistência, destaca o relatório.
Violência
Em setembro, surgiram novos confrontos no país. Para a agência da ONU, essa violência causou mais deslocamentos numa altura em que as pessoas retornavam lentamente às suas casas. Quase 1 milhão de centro-africanos ainda estão deslocados ou buscam refúgio nos países vizinhos.
O relatório recomenda que seja dada ajuda alimentar de emergência de uma forma contínua às famílias deslocadas e repatriadas, além de alimentos e assistência técnica para a recuperação dos agricultores.
O documento aconselha ainda a criação de redes de segurança com programas como de alimentação escolar e apoio para reabilitar a infraestrutura.
O PMA fornece alimentos de emergência e apoio nutricional aos mais vulneráveis e está envolvido no apoio aos esforços de recuperação.
Iniciativas
As iniciativas da agência incluem transferências de dinheiro e compras de alimentos locais, que são usados na merenda escolar para milhares de crianças impulsionando a economia e os meios de subsistência.
Cerca de 400 mil pessoas receberam alimentos do PMA em dezembro através das vias normais de distribuição, das transferências de dinheiro, do apoio nutricional, de refeições escolares e de atividades de troca de comida por bens.
A agência precisa de US$ 41 milhões de apoio urgente para continuar fornecendo assistência às comunidades deslocadas e vulneráveis até junho.