Zeze Perrella(3º à esq.) e Ana Amélia coordenam o debate com representantes de clubes e de TVs |
Os critérios de distribuição dos recursos das cotas de televisão aos clubes de futebol foram o principal ponto do debate realizado ontem na Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE). Participaram da audiência, comandada por Ana Amélia (PP-RS), representantes dos clubes e das redes Globo e Bandeirantes.
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) não enviou representante.
Os clubes e Zeze Perrella (PDT-MG), que presidiu o Cruzeiro Esporte Clube por 20 anos, reconheceram o aumento expressivo no valor das cotas, mas pediram ajustes baseados em critérios esportivos para a distribuição dos recursos. Hoje as receitas de patrocínio da Série A do Campeonato Brasileiro são administradas pelos próprios clubes, sem a interferência da CBF. Até o ano passado, as negociações eram conjuntas, por meio do Clube dos 13, que reúne 20 dos principais times. Em 2011, contratos individuais geraram aumento para a Série A, mas elevaram a disparidade entre a primeira divisão e as séries B, C e D.
Para Paulo Davim (PV-RN), a centralização dos recursos traz danos a todo o futebol brasileiro.
— A diferença condena os pequenos a serem sempre pequenos. Há quanto tempo o Nordeste não dá um craque ao país? O futebol está empobrecendo, e a Seleção mostra isso — disse Davim.
Perrella argumentou que os recursos concentram-se no eixo Rio-São Paulo porque são estados que detém a maior parte da atividade econômica.
O representante da Rede Globo, Marcelo Campos Pinto, negou que haja uma “espanholização” na distribuição das receitas. Na Espanha, mais de 70% da renda de TV vão para os dois principais clubes, Real Madrid C. F. e F. C. Barcelona. A distribuição dos recursos da Globo atende a critérios de audiência nacional e estadual, a pesquisa anual de preferência por clubes e à colocação no campeonato anterior. A fórmula, afirmou Pinto, garante equilíbrio financeiro e técnico.
Os participantes defenderam regras mais amenas de pagamento de encargos sociais. O presidente do Esporte Clube Vitória, Alexi Portela, reclamou do grande número de taxas que é obrigado a pagar toda vez que sua equipe entra em campo.
Outra demanda dos clubes é a liberação da venda de bebidas alcoólicas nos estádios, o que garantiria mais uma receita nos jogos. Relatora no Senado da Lei Geral da Copa (Lei 12.663/12), que retirou a proibição durante a realização do Mundial de 2014, Ana Amélia disse que o assunto merece reflexão mais aprofundada, pois pesquisas indicam a relação direta entre a violência nos estádios e o consumo de bebidas.
Jornal do Senado
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