A HISTÓRIA DO BRASIL É UMA ESTÓRIA
Sem pretensões historicistas parei para meditar sobre o terrível estigma que pesa sobre o nosso continente americano. Para começar, não foi determinadamente descoberto. Foi encontrado. Colombo ao chegar às terras do Novo Mundo elocubrava haver descoberto o caminho para as Índias.
Nosso caipira Pedro Cabral, embarcando com os mesmos fins, tropeçou na Bahia e o Brasil foi achado por ele com pretensões de pioneiro, quando na realidade, Vicente Pizon já navegara pelo Amazonas, sem lhe dizer nada.
E a moda pegou. Dom João VI, cá desembarcou, alegando estabelecer-se no Brasil para promover o desenvolvimento do país do futuro, com sua presença real.
Na verdade quando a última nau, das vinte e cinco que compunham sua comitiva, de quinze mil aspones deixou o cais, na foz do Tejo, em Lisboa, já enxergava a poeira das tropas de Napoleão, ao comando de Junot, para algema-lo. “este foi o único que conseguiu me enganar” teria dito o grande general-imperador ao saber da fuga.
No Brasil, deitou e rolou. Anunciou a abertura dos portos, a todas as nações do mundo, como o grande passo para o desenvolvimento da nossa caipira colônia. Novo engodo. O fez por imposição da Inglaterra, cobrando o preço pela proteção que oferecia ao nosso rei comedor de galinha. E os ingleses impuseram a importação de infindas bijuterias, totalmente impertinentes aos costumes do mercado carioca, inundando-a de produtos fruto da recém-industrialização, da qual o país dos ingleses foi pioneiro e dominador.
E no Rio de Janeiro encontrava-se até patins para a neve, produzidos made in England, não se sabe com que finalidade, pois nenhum historiador narra a presença de neve, naquela terra do sol.
Em outra jogada marota, criou o banco do Brasil. Para financiar as transações comerciais advindas com a abertura dos portos? Outra enganação. Serviu para financiar a corte, pagando os salários de quinze mil seguidores que o acompanharam. Deixara Portugal falido. E pouco tempo depois propiciou a primeira “quebra” do nosso estimado banco do Brasil. A solução então, que tornou-se evidente e única, seria a exploração desenfreada de nossos recursos naturais.
Que tragam os negros da África, trabalhadores sem salário, que imigre-se vagabundos e desordeiros para explorar o ouro abundante e as pedras preciosas, sobretudo o diamante.
O Rio de Janeiro alavancou o progresso em prazos nunca vistos. Mas, e nobreza tão necessária aos paparicos reais? Não havia.
Vamos então providenciar títulos de nobreza para a esta gente, traficantes de escravos, exploradores de minas, contrabandistas, enriquecidos da noite para o dia. Foram expedidos então mais de quinze mil títulos de nobreza a essa gente, que de “comedores com as mãos” , passaram a pertencer à nobreza. Era conde, visconde e barão por toda esquina. Número igual de títulos concedidos por Portugal em todos os séculos de sua existência.
O carioca, já naquela época com sua verve inconfundível cantarolava pelas ruas a seguinte modinha:
“Quem furta pouco é ladrão
Quem furta muito é barão
Quem mais furta e esconde
Passa de barão e visconde
Furta Azevedo no Paço
Targini rouba no erário
E o povo aflito carrega
Pesada cruz do Calvário (igualzinho como hoje não é mesmo?)
O fenômeno teve como conseqüência a geração de duas novas classes sociais. A dos políticos e dos politiqueiros. A primeira logo entrou em processo de extinção que se prolonga até hoje, encontrando-se poucos exemplares em atividade, contudo sem voz. Enquanto a segunda sofreu um incremento digno de um profundo estudo antropo-social. Hoje assola o Brasil com características de epidemia, espalhando sevandijas por todo o país. E agora todo o povo brasileiro, plagiando o carioca de outrora, atualizou a modinha:
“O politiqueiro rouba sem pudor
Já foi prefeito e vereador
E já se vê um senador
E nós o povo, já não agüenta
Sustentar presidente ou presidenta
Tem pena de nós OH SENHOR!
Ta fazendo ouvidos de mercador?...
AMÉM
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