A médica pediatra Liege Fernandes esteve presente à visita do PPS caicoense ao Hospital do Seridó, no último sábado (19), quando os integrantes do partido foram conhecer os trabalhos desenvolvidos na Classe Hospitalar Sulivan Medeiros e pelo Projeto Riso Terapia. A profissional de saúde fez uma avaliação sobre a situação da Pediatria em Caicó.
“Arrisco dizer que 80% das crianças só conhecem um pediatra quando estão internados”, relatou. A precariedade na assistência às crianças na hora do nascimento é outra preocupação da pediatra: “basta ver o aumento de crianças que precisam de educação especial para entender o número de pessoas com sequelas por falta de assistência na hora do nascimento”.
Liege Fernandes lamentou a falta de um serviço de pediatria na rede básica de saúde e explicou aos integrantes do PPS que a solução para esta crise passa por medidas simples, como o investimento na assistência básica, pré-natal de qualidade, melhor ambulatorial e prioridade na prevenção. “No último concurso público a Prefeitura sequer priorizou a pediatria”, destacou.
Em sua avaliação, a instalação da UTI Neonatal em Caicó está comprometida por não ter profissionais habilitados para o trabalho. “Não dá para criar UTI com pediatras trabalhando de sobreaviso. Paralelo ao trabalho da UTI Neonatal, urgência e enfermaria também devem funcionar bem. Querem criar a UTI Neonatal sem recursos humanos. Os pediatras de Caicó não pactuam com serviço ruim”, criticou Liege.
Preocupada com a realidade, a pediatra desabafou: “as doenças não são diferentes, o que muda de região para região é o acesso aos equipamentos de saúde. O quadro é desanimador, mas há solução. O que falta é vontade política. Os pediatras em Caicó não se propõem a politicagem. Existem duas vítimas nesse sistema: pediatras e crianças”.
Estrutura
Entre os entraves para o trabalho dos pediatras em Caicó está a estrutura oferecida nas casas de saúde. “Os equipamentos do Hospital do Seridó estão sucateados, o laboratório com exames básicos não funciona nos finais de semana, não há horário de visitas definido, as pessoas fumam na praça do hospital, são vários os complicadores”, relata Liege Fernandes. A pediatra completou: “não há exclusividade no atendimento aos recém-nascidos, obstetras não tem acesso a ultrassom, os anestesistas trabalham de sobreaviso, falta até estrutura para consulta”.
Profissionais
Segundo a médica Liege Fernandes, os profissionais que permanecem em Caicó são aqueles que têm vínculo familiar com a cidade. “Quais novos profissionais querem vir para Caicó? Não há atrativo”, relata a pediatra, lamentando que alguns médicos foram aprovados em concursos, mas pediram demissão por falta de condições de trabalho.
Por indicação médica, três pediatras de Caicó estão atendendo apenas ambulatorial. “É grande o desgaste emocional de quem trabalha nessa área. Trabalhamos no limite! Alguns pediatras não conseguem dar plantão”, frisa.
Plantões
A remuneração baixa para os profissionais plantonistas não seria o principal entrave para o trabalho. Dra. Liege compara: “Natal paga R$ 1.500,00 pelo plantão de um pediatra, enquanto Caicó paga R$ 500,00. O pior de tudo é que aqui você trabalha sozinho. Lá (Natal) você dispõe de estrutura, exames e equipe médica para auxilia-lo”.
Para a pediatra, “Caicó não dá as condições que eu tinha há 15 anos, quando trabalhava em Natal. É melhor dar um plantão no Hospital Walfredo Gurgel do que aqui, por causa da falta de equipe. Aqui apostamos no tempo, esperando sinais de melhora no paciente”.
Fonte: Assessoria de imprensa
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