José Paulo Tupynambá
Ao participar do debate sobre a água, dentro dos Diálogos sobre o Desenvolvimento Sustentável que acontecem na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) afirmou que uma das principais conclusões do encontro é "não permitir que a água seja um bem privatizado, que sirva como commodity para o mercado internacional". A senadora enfatizou a importância de se ter uma governança internacional sobre o assunto, com o estabelecimento de orientações e critérios acerca do uso da água, para evitar seu desperdício, uso indevido ou sua contaminação.
Os Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável, que se encerraram nesta terça-feira (19), são uma iniciativa do governo brasileiro, mas não têm a participação de autoridades governamentais e devem encaminhar sugestões que podem ser aproveitadas no documento final produzido pela Rio+20.
Vanessa Grazziotin afirmou ser necessário "encarar os recursos hídricos como um bem comum à humanidade e à população, respeitando a autonomia das nações". Ela lembrou que a água é um bem finito, e que sua escassez "afeta os países de forma muito significativa", entre eles o Brasil.
O senador Fernando Collor (PTB-AL), que participou do mesmo encontro, destacou a necessidade de se construir um sistema de saneamento básico que funcione para que o país possa fazer valer, no caso da água, a política dos três erres: reduzir, reutilizar e reciclar. Ele disse que o Brasil chega um pouco atrasado ao tema, já que, em 1996, ao fazer uma palestra na Suécia, ficou impressionado com o número de seminários e palestras sobre o tema em um único mês.
Cidades
O senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) participou de outro debate dos Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável, que tratou das cidades. O parlamentar afirmou que, para uma cidade ser sustentável, é preciso que ela cuide de seus recursos hídricos e seus mananciais.
- E isto significa ter 100% de rede de esgoto, 100% de abastecimento de água nas cidades e tirar as moradias nas áreas de risco, muito comuns nas grandes cidades - afirmou.
O parlamentar disse que grande parte da população nas grandes cidades mora muito próximo de mananciais, principalmente nas faixas que deveriam ter 100% de preservação. Para ele, preservar essas áreas, além de aumentar a qualidade de vida, traz mais renda para a população, na medida em que melhora também a qualidade dos empregos e das moradias.
Inácio Arruda defendeu ainda um planejamento de longo prazo para as cidades, que envolvam os três níveis de governo, municipal, estadual e federal. Ele sugeriu o uso maciço de metrôs, que transportam rapidamente uma grande quantidade de pessoas, além de diminuir o trânsito de automóveis e ônibus e, com isso, diminuir também a poluição do ar e a sonora.
Agência Senado
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