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terça-feira, 24 de junho de 2014

Brasil goleia Camarões e agora pega o Chile nas oitavas em Belo Horizonte


Que Neymar era o principal nome do Brasil para a Copa em casa ninguém discordava. Mesmo quem não gosta do atacante sabia que, se a seleção brasileira dependesse em algum momento do Mundial de um lampejo de craque, de uma jogada individual, a possibilidade de que essa saísse do pé do camisa 10 era enorme. 
O que ninguém esperava, talvez, é que o Brasil chegasse às oitavas quase que apenas por causa das jogadas de Neymar e pela ajuda de um elemento surpresa: Luiz Gustavo, aquele que assume que não é tão conhecido da torcida. Foi assim, inclusive nesta segunda-feira: de novo com sofrimento, o Brasil bateu Camarões por 4 a 1 e se classificou - não, o placar não mostra a dificuldade da partida.
Com sete pontos, a seleção brasileira foi a líder do Grupo A da Copa do Mundo que sedia - mas só pelo saldo de gols, ficando à frente do México por 5 a 3. Pegará o Chile nas oitavas de final, seleção a qual já bateu por duas vezes nesta fase em Copas passadas. O futebol precisa melhorar, porém. Depender só de Neymar pode, em um dia ruim do jogador, significar o fim de torneio para a seleção. O próximo passo para acabar com o "fantasma de 1950" ocorre no próximo sábado, no Mineirão, às 13h - Brasil e Chile fazem o primeiro jogo da segunda fase da Copa.
Fases do jogo: O Brasil começou pressionando Camarões, mas isso durou cerca de 10 minutos. Antes do gol de Neymar, aos 16 min., após linda jogada de Luiz Gustavo pela esquerda, Camarões chegou a ter chances, dado o nervosismo da seleção brasileira. Nem o gol "sarou" esse problema, e os africanos aproveitaram para empatar aos 26 min. com Matip, sozinho na área, só tocando para o gol nas costas de Thiago Silva e David Luiz.
Neymar, então, partiu para jogadas individuais. E foi numa delas que ele não só marcou o segundo, deslocando o goleiro Itandje, como acabando com o medo do time de tomar a virada e ver a vaga em risco. No segundo tempo, com Fernandinho ajudando Luiz Gustavo no meio, o Brasil se soltou. Fred aproveitou e, de cabeça, marcou, após cruzamento de David Luiz, logo aos 4 min. Como Camarões, já eliminado, jogava sem responsabilidade, o Brasil pôde arriscar até tirar Neymar, que se levasse amarelo estaria suspenso. Foi a ora de Fernandinho brilhar. O volante avançou, aproveitou erro da zaga camaronesa e tabelou com Fred. De bico, fez o quarto, fechando o placar. Brasil líder. No saldo de gols, mas líder.
Os melhores: Luiz Gustavo e Neymar - O volante foi o melhor jogador do Brasil na primeira fase, independentemente de todos os gols decisivos de Neymar. Se não fosse Luiz Gustavo, que marcou quando Paulinho esteve mal, e que armou nos sumiços constantes de Oscar, a classificação brasileira seria ainda mais sofrida do que foi. O passe para o primeiro gol do Brasil nesta segunda resume: foi ele quem deu o bote no camaronês que tentava sair jogando; foi ele que avançou com habilidade pela esquerda; e foi ele que levantou a cabeça, viu Neymar sozinho e cruzou de forma precisa.
Neymar, é claro, merece a citação porque, se não fosse por sua capacidade de chamar a responsabilidade e decidir, o Brasil, possivelmente, não estaria nas oitavas de final na Copa que sedia.
O pior: Paulinho - Assim como nos dois primeiros jogos, esteve sumido. O volante marcou mal, deu espaços ao time camaronês e perdeu bolas na defesa, possibilitando contra-ataques. Apesar de Daniel Alves novamente ter marcado mal pela direita, Paulinho esteve abaixo da crítica. Foi substituído no intervalo por Fernandinho, que em cinco minutos participou de dois bons ataques - o do gol de Fred incluso -e, no final, marcou o 4° do Brasil. Uma mudança no meio da seleção surgirá nas oitavas?
Chaves do jogo: O Brasil utilizou uma tática muito vista pelo torcedor do Santos entre 2011, após o título da Libertadores, e 2013, quando Neymar se transferiu ao Barcelona - bola no Neymar, e só. Com Oscar sem chamar o jogo, com os laterais avançando pouco e com Fred e Hulk novamente mal, restou à seleção torcer para que Neymar, com a liberdade dada por Felipão, resolvesse. Fez dois e, momentaneamente, virou o artilheiro da Copa com quatro. Neymar gosta de jogar com a responsabilidade, mas às vezes pode dar errado. Depender só de uma jogada, como no Santos de Neymar na época já citada, não é certeza de resultado.
Toque dos técnicos: Felipão pode ter achado uma nova formação com apenas cinco minutos de segundo tempo: viu que Paulinho seguia mal, como havia sido nos dois primeiros jogos, e colocou Fernandinho. O volante do Manchester City, que foi convocado para a Copa após diversos pedidos, até de companheiros de clube, mostrou que está em melhor fase que o "concorrente" do Tottenham. Bons passes no campo de ataque e posicionamento melhor na defesa. No final, o quarto gol do Brasil, com tabelinha com Fred. É candidato a ser titular contra o Chile desde já.
Para lembrar:
Neymar fez o 100° gol da Copa do Mundo. O gol de Matip, para Camarões, foi o 101°, o que igualou o total da primeira fase do Mundial de 2010. Para os supersticiosos, o dado: na África do Sul, o 100 gol foi marcado por Iniesta, que depois faria o tento do título espanhol.
Mais uma vez, o hino nacional foi cantado a capela por torcida e time. Há na imprensa internacional, porém, quem diga que isso, por não ser mais novidade, não intimide mais os adversários como ocorreu na Copa das Confederações de 2013, por não ser mais uma surpresa.
Foi a oitava vez na história das Copas que o Brasil jogou de camisa amarela e calção branco. Até esta segunda, eram quatro vitórias, dois empates e só uma derrota, para a Polônia, em 1974 (disputa de 3° lugar).
cartilha com letras de canções novas distribuída para a torcida brasileira não deu muito resultado. No começo do jogo, até foi tentada a letra "Guerreiro, time de brasileiro", mas foi só. O único grito diferente tentado foi "O campeão voltou", após o primeiro gol, mas por pouco tempo.
CAMARÕES 1 X 4 BRASIL
Data: 23 de junho de 2014
Horário: 17h00 (de Brasília)
Local: Mané Garrincha, em Brasília (DF)
Árbitro: Jonas Eriksson (SUE)
Assistentes: Mathias Klasenius (SUE) e Daniel Warnmark (SUE)
Cartões amarelos: Salli, aos 30 min. do 2°t, e M'Bia, aos 34 min. do 2°t (CAM)
Gols: Neymar, aos 16 min. e aos 34 min. do 1°t, Fred, aos 4 min., e Fernandinho, aos 39 min. do 2°t (BRA); Matip, aos 26 min. do 1°t (CAM)

CAMARÕES: Itandje; Nyom, N'Koulou, Matip e Bedimo; N'Guémo, M'Bia, Enoh e Moukandjo (Salli, aos 12 min. do 2°t); Aboubakar (Webó, aos 27 min. do 2°t) e Choupo-Moting (Makoun, aos 35 min. do 2°t)
Técnico: Volker Finke
BRASIL:  Julio Cesar; Daniel Alves, Thiago Silva, David Luiz e Marcelo; Luiz Gustavo, Paulinho (Fernandinho, no intervalo) e Oscar; Neymar (Willian, aos 26 min. do 2°t), Hulk (Ramires, aos 17 min. do 2°t) e Fred
Técnico: Luiz Felipe Scolari
Do UOL, em São Paulo

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