Na
tentativa de diminuir a crise dos combustíveis e tentar, de quebra,
aumentar a popularidade a quatro meses das eleições, o governo de
Bolsonaro estuda, mais uma vez, a transferência direta de recursos. O
líder do governo no senado, Carlos Portinho (PL- RJ), afirmou nesta
quinta-feira, 23, que estudos de subir o auxílio Brasil de 400 para 600,
além de transferir 1000 aos caminhoneiros autônomos, como forma de
atenuar os efeitos da alta do diesel.
As
ideias foram apresentadas na reunião de líderes do senado que discute a
PEC 16, medida que visava originalmente a compensação da perda de
arrecadação dos estados que reduzissem ou ICMS dos combustíveis.
Com
isso, um novo benefício e o reajuste do auxílio Brasil e do vale gás
seriam pagos com os cerca de 30 milhões de reais reservados pelo governo
para compensar os estados pela redução do imposto a zero.
Segundo o
parlamentar, as medidas seriam uma alternativa a resistência dos Estados
adotar tais isenções. “O mínimo receio pelos atos que os governadores
vêm adotando insensíveis, ao momento e a população, nos faz levar a
essas outras iniciativas (...) Há um sentimento de todos os líderes de
partidos no senado de que não fazer nada não é uma opção, ” afirmou o
senador em entrevista coletiva nesta quinta-feira 23.
De
acordo com Portinho, o Ministério da Economia calcula que o voucher,
também chamado de pix caminhoneiro, a ser pago a motoristas
profissionais autônomos seja de r$ 1000, acima dos 400 aventados no
início da semana e em novembro do ano passado.
No
caso do aumento no Auxílio Brasil, que chegaria ao mesmo valor do
auxílio emergencial pago durante a pandemia, a ideia é adicionar uma
parcela de r$ 200 até o fim do ano, para as famílias que se encontram no
programa. Vale lembrar que o governo chegou aos r$ 400 reais do Auxílio
Brasil com pagamento de uma parcela adicional ao valor do benefício do
antigo Bolsa Família. Neste ano, porém o congresso tornou a despesa
permanente.
Já
voucher para os caminhoneiros passa por uma discussão mais delicada,
pois se trata da criação de um novo benefício. Mas, na avaliação do
parlamentar, há um momento de emergência internacional que justifica a
benesse em ano eleitoral – oficialmente, a legislação veta a criação de
novos programas assistenciais no período.
“Vem
sendo discutido se aqueles programas que estão em vigor podem ser
aumentados. O voucher caminhoneiro, sim, porque é um momento de
emergência internacional. Acho que é hora de todos os poderes terem
sensibilidade, disse Portinho.
Para
Wallace Ladim, presidente da Associação Brasileira de Condutores de
Veículos Automotores (ABRAVA), o novo valor estudado pelo governo para
auxílio dos caminhoneiros não é o que a categoria reivindica. “Eles
precisam parar de tentar comprar caminhoneiro. A gente não quer
transferência de dinheiro, quer conseguir trabalhar. Se houvesse
fiscalização da tabela do frete da (ANTT) Agência Nacional de Transporte
Terrestre, por exemplo, seria muito mais efetivo. Assim como
abrasileirar o custo do serviço”, diz o motorista conhecido como Chorão,
um dos líderes da greve dos caminhoneiros de 2018