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sábado, 21 de maio de 2022

Com tecnologia inédita, pesquisadores potiguares criam peças de roupa com aplicação biomédica

 


Do Egito antigo aos indígenas da América Latina, civilizações ancestrais usavam técnicas de tingimento, ainda que classificadas como artesanais. Em virtude da demanda e com a chegada da Revolução Industrial no século XVIII, o cenário da coloração têxtil mudou e os corantes sintéticos começaram a ser explorados em larga escala pelas fábricas. A partir daí, várias técnicas surgiram e são ainda desenvolvidas para, por exemplo, aumentar a qualidade ou acrescentar características aos produtos.

Uma dessas técnicas nasceu na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e acaba de receber o patenteamento pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). A invenção trata de um novo processo de tingimento por esgotamento ou exaustão aplicado a nanopartículas inorgânicas e orgânicas, com características e propriedades superiores aos já existentes no mercado, pois possui a facilidade de aplicação de forma industrial, uma vez que todas as indústrias de beneficiamento de produtos têxteis na atualidade possuem equipamentos que podem ser utilizados para este processo.

Tal situação é diferente de boa parte dos processos já existentes no mercado, que são limitados à produção apenas em laboratório e de pequenas amostras. O produto é resultado da tese de Iris Oliveira da Silva, na época estudante da Universidade e atualmente professora da Instituição. Ela explica que a invenção transforma vários tipos de substratos têxteis, como malhas, tecidos e tecido não tecido (TNT), em substratos multifuncionais, com potencial aplicação biomédica, principalmente através da ação antimicrobiana, bactericida e de proteção ultravioleta.

Inicialmente, o substrato é tratado quimicamente para remoção de ceras e gorduras, conforme processos industriais convencionais de desengomagem, cozinhamento e alvejamento. Em seguida, é ‘mergulhado’ em solução com nanopartículas sintetizadas por via química. Após, utiliza-se equipamentos de tingimentos industriais para que as nanopartículas sejam absorvidas – ou retidas – na superfície de diversos materiais têxteis. Essas partículas podem ser metálicas inorgânicas, como ouro e zinco, e orgânicas, na forma de nanocápsulas quitosana e queratina.

“Essa ação tem a facilidade no sentido de que o processo de impregnação das nanopartículas facilita a impregnação em escala industrial por utilizar máquinas usadas atualmente, apenas considerando alguns parâmetros de processo. O que desenvolvemos pertence ao ramo do beneficiamento têxtil, mais especificamente nos processos de acabamento final da indústria”, explica a cientista. A utilização de nanopartículas metálicas em substratos têxteis tem sido inclusive foco de diversos estudos, sobretudo em decorrência das propriedades físicas, químicas e ópticas que elas possuem, quando se apresentam em forma nanométrica, sendo foco de grandes empresas em todo o mundo.

Ao lado de Íris, estão envolvidos na pesquisa Rasiah Ladchumananandasivam, José Heriberto Oliveira do Nascimento e Christiane Siqueira de Azevedo Sá. Eles pontuam que outra distinção da nova tecnologia é o melhor rendimento de nanopartículas na superfície do substrato, em comparação com outros processos como dip-coating e sol-gel, entre outros, melhorando consideravelmente as propriedades físicas, químicas e ópticas.

 

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