O aumento da procura de pacientes por atendimento médico em Natal, provocado pelo surto de arboviroses, pode fazer com que o sistema de saúde da capital entre em colapso a qualquer momento. A preocupação foi levantada pelo secretário municipal de Saúde, George Antunes, em entrevista à TV Tropical nesta sexta-feira (20).
“Hospitais privados fecharam as portas por um determinado espaço de tempo porque não têm mais a capacidade de atender esses pacientes. Nós, serviço público, não nos permitimos fechar UPAs em momento algum, porque entendemos que é a última porta aberta para o cidadão. Mas estamos muito próximos de entrar em colapso, porque atendemos a população de Natal e de vários municípios vizinhos”, ressaltou o secretário.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), de janeiro a abril de 2022, houve um aumento de 1.431% nos casos de dengue, se comparado ao mesmo período do ano passado. Atualmente, dos 120 leitos clínicos para internação no serviço de saúde da capital, todos estão ocupados. O secretário informou ainda que o Município está se organizando para ampliar para 12 horas os horários de funcionamento de algumas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) na tentativa de desafogar a lotação nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e hospitais.
“Nos causa uma preocupação extrema, uma coisa que nós passamos durante a pandemia da covid-19, e corremos um risco de ter algo semelhante agora, por conta das arboviroses e da gripe”, disse Antunes. “Eu faço um apelo aos demais colegas secretários de saúde, dos municípios vizinhos e até mais distantes, para que montem estruturas mínimas nas suas unidades básicas para que essas pessoas não tenham que se deslocar para Natal”, acrescentou.
Nesta semana, Natal decretou situação de emergência por causa da epidemia de dengue que assola a cidade. “O decreto de situação de emergência nos garante a possibilidade de entrar em domicílios onde não haja permissão; e garante também a capacidade de trabalhar processos de contratos numa velocidade diferente e contribui na perspectiva de buscarmos recursos financeiros no Ministério da Saúde, já que a nossa situação financeira é gravíssima”, explicou o secretário.
O secretário também chamou a atenção da população para a necessidade de conter a proliferação do mosquito Aedes aegypti. “Essas chuvas espaçadas, dentro do tempo ideal para procriação e evolução do mosquito, está sendo bem propício. Além disso, temos a falta de engajamento de parte da população. Temos uma população que não permite o acesso dos nossos agentes às residências para fazer o trabalho de inspeção e orientação. E temos domicílios fechados há muito tempo e que não passam por cuidados”, acrescentou.
Por causa
da dificuldade dos agentes de endemias conseguirem autorização dos
moradores para entrar nas casas, o Município está recorrendo à Justiça
para entrar nas propriedades. “Estamos fazendo um trabalho nas casas e
contando com o apoio do Judiciário para que possamos adentrar nas casas
independente da vontade do proprietário, porque estamos falando de saúde
pública e da vida das pessoas”, destacou. Ele ainda alertou para o
número de lixos jogados a céu aberto: “Em uma semana, mais de 8 mil
pneus espalhados pela cidade foram recolhidos. Desses 8 mil, 60% estavam
com foco do mosquito. Isso é algo absurdo, fica até difícil para o
Poder Público controlar. A gente faz a nossa parte da limpeza urbana e a
população também precisa fazer”, reforçou.
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