Foto: Divulgação/Sesap
O Hospital Pediátrico Maria Alice Fernandes, em parceria com o Centro de Reabilitação Infantil e Adulto (CRI/CRA), realizou sua primeira cirurgia de enxerto ósseo alveolar em criança portadora de fissura labiopalatina. O procedimento possibilita o crescimento e posicionamento correto dos dentes para que o paciente tenha uma dentição normal no futuro.
“O benefício dessa cirurgia é a reconstrução de um alvéolo dentário, com a finalidade de corrigir a fissura, para posteriormente o paciente conseguir reabilitar por meio de prótese ou implante dentário. Outro benefício desse procedimento é fechar a comunicação bucosinusal, causada pela fissura, o que pode acarretar quadros de sinusite”, explica Diogo Luiz, cirurgião dentista especialista em cirurgia bucomaxilofacial, que integra a equipe de profissionais do CRI/CRA.
A criança que recebeu a cirurgia tem 10 anos e se encontra em tratamento multidisciplinar CRI/CRA, por meio do Núcleo de Atendimento Interdisciplinar aos Fissurados (NAIF). O NAIF realiza o acolhimento do paciente desde recém-nascido até a fase adulta, bem como de seus familiares, cuidando da parte ambulatorial do tratamento. A equipe é composta por fonoaudiólogo, geneticista, enfermeiro, otorrinolaringologista, psicólogo, assistente social, nutricionista, fisioterapeuta, psicopedagogo, ortodontista e as demais especialidades de reabilitação.
Os procedimentos cirúrgicos necessários aos pacientes com fissura labiopalatina são realizados no Hospital Maria Alice, que conta com dois cirurgiões plásticos especializados nesse tipo de procedimento em sua equipe de profissionais. Segundo o cirurgião Diogo Luiz, “a demanda no RN é extensa, temos recebido vários casos novos, tanto de recém-nascidos, que são a maioria, quanto de pacientes adultos, que desconheciam o serviço”.
Nem todo paciente fissurado requer a cirurgia de enxerto ósseo alveolar, necessária apenas quando a fissura atinge a arcada dentária e o palato. A idade mais indicada para o procedimento é por volta dos sete anos de idade. “O procedimento permite o benefício da arcada dentária completa, possibilitando a reabilitação tanto funcional, quanto estética do paciente, com o objetivo de melhorar sua qualidade de vida”, explica o cirurgião plástico Alexandre Dantas, da equipe do CRI/CRA.
Fissura labiopalatina
A fissura labiopalatina é mais comumente diagnosticada na região da face em recém-nascidos, caracterizando-se por uma abertura no lábio superior de um ou de dois lados e no céu da boca. Sua causa não está comprovada, mas estudos indicam que envolve uma combinação de fatores genéticos e ambientais associados (doenças, uso de medicamentos, dependência química, etc.).
Acolhimento dos pacientes
A recomendação é de que o recém-nascido com fissura labiopalatina já deixe a maternidade com atendimento agendado no NAIF, que realiza o acolhimento do paciente e seus familiares, proporcionando muma reabilitação multiprofissional.
A pessoa que possui um familiar com fissura labiopalatina, popularmente conhecido como lábio leporino, e que ainda não recebe cuidados médicos deve procurar a Atenção Básica de seu território, para que seja agendado um atendimento no NAIF. Além disso, a Atenção Básica dos municípios deve realizar a busca ativa de casos em seu território.
A fissura labiopalatal interfere no desenvolvimento psicológico, fisiológico e na adaptação social da maioria das pessoas com essa alteração congênita, na medida em que costuma envolver processos de estigmatização. Por isso, é tão importante que o paciente com fissura e seus familiares sejam acolhidos e recebam o tratamento e cuidados específicos.
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